sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Questões acerca da Interpretação


Por opção consciente, ou seja, por saber que as minhas capacidades em tradução concentram-se sobretudo a nível da escrita e não tanto (ou quase nada) a nível do discurso oral, não escolhi Interpretação como uma das cadeiras que poderia ter dito neste primeiro semestre do 2º ano do Mestrado de Tradução e Serviços Linguísticos da FLUP.

No entanto, isso não significa que não fique intrigada acerca de algumas questões levantadas em outras aulas à cerca dos problemas que podem surgir durante a interpretação, onde a capacidade de decisão e raciocínio devem funcionar numa questão de segundos.

Hoje pela manhã, quando abri o meu Facebook, vi a seguinte imagem:

Retirada da página: Translators do it better

Entre outras questões em algumas aulas discutimos a possibilidade de estarmos numa situação em que o orador dissesse algo que não pudesse ser traduzido, como por exemplo, no caso de ter um conteúdo especificamente cultural, isto é, no caso de uma piada apontar características de uma determinada cultura que não existem ou nem sequer fazem sentido para o público-alvo que aguarda a tradução. O que fazer?
Ao que parece entre ficar em silêncio ou pedir para que as pessoas se riam porque foi feita uma piada que não pode ser traduzida, a segunda opção parece mais acertada embora o público menos informado, possa pensar que isso é uma desculpa usada pelo intérprete usada para esconder a sua incompetência.
É um daqueles casos em que como diriam os brasileiros "Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega".

Outro problema levantado também em algumas aulas que tive foi o seguinte: imaginemos que numa Conferência envolvendo diversas personalidades importantes de vários países, nós estamos a servir de intérpretes a um político em específico que procura estabelecer uma boa relação com outro que tem uma proveniência diferente. A conversa decorre normalmente só que a certa altura, o nosso cliente, aquele para quem trabalhamos, diz algo que sabemos que é ofensivo. Limitamo-nos a transmitir o que foi dito?
Sempre me questionei muito acerca de uma situação destas. Se dizemos a verdade, ou seja, apenas transmitimos o que foi dito, corremos o risco (ridículo, mas real) de que o ouvinte nos espete um banano antes de se atirar ao nosso cliente. Se mentimos ou suavizamos as coisas, não estamos a ser fiéis à nossa doutrina de trabalho.
Ensinaram-nos que independentemente do que estivermos a ouvir, devemos comportarmo-nos como máquinas e transmitir a mensagem, ignorando as consequências já que não foram provocadas por nós.
Sinceramente, custa-me um pouco aceitar tanto uma ideia como outra. Se por um lado, somos fiéis à mensagem, não evitamos um conflito que se calhar poderia ser atenuado com alguma explicação, se por outro lado, suavizamos as coisas, não estamos a cumprir o nosso trabalho.
Seja como for, não se pode esquecer que um intérprete é uma pessoa e portanto, manter a subjectividade  existente em todos nós, não é uma tarefa assim tão simples quanto isso.


Agora mudando um pouco de assunto, hoje vi também outras coisas de interesse na internet, nomeadamente a informação acerca de oportunidades de estágio em Portugal, embora a remuneração não seja nada por aí além, pode ser algo que enriquecerá os currículos.
Podem informar-se com mais detalhes na notícia original: Estado abre 1900 estágios para jovens até aos 30 anos
E por falar em enriquecer currículos também a Comissão Europeia abre vagas para estágios remunerados, podem consultar mais informações na notícia: Comissão Europeia abre 650 vagas para estágios remunerados.

Por fim, para animar um pouco o dia, ainda no âmbito da temática da tradução deixo-vos o link para um post deveras engraçado do Andrés Neuman: Conversaciones con mi traductora (y su vecina).

Até breve!

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