domingo, 14 de outubro de 2012

Enquanto isso na Finlândia


"E assim consegue a Finlândia ser número 1 em educação na Europa

O país nórdico lidera o relatório da PISA com um ensino gratuito que põe no ensino primário os professores mais preparados.

Um estudante com um livro de língua e literatura finlandesa com o nome do escritor Aleksis Kivi

As crianças finlandesas de hoje estarão amanhã entre os profissionais mais preparados para o mundo. Isto não é um previsão de nenhuma bola de cristal e sim, dados objectivos que sustentam esta ideia. Desde que a OCDE começou em 2000 a elaborar o seu relatório PISA, a Finlândia ocupou os primeiros lugares do pódio da Europa devido ao seu excelente nível educativo.

Apenas 8% dos alunos finlandeses não terminam os seus estudos obrigatórios, frente a uns 30% dos espanhóis que não acabam o bacharelato. Disposto a descobrir a chave do êxito finlandês, o psicólogo escolar e então director do colégio Claret de Barcelona, Javier Melgarejo, começou a estudar o seu sistema educativo há mais de uma década. A sua primeira surpresa foi constatar que entre os 4 e 5 aos de idade, metade das crianças finlandesas começam a frequentar os infantários e não entram na escola até completarem 7 anos.  Dois anos depois, as suas pontuações são as melhores do resto dos países estudados pela OCDE.

Durante os primeiros seis anos na primária, as crianças têm em todas ou na grande maioria das disciplinas o mesmo professor que vela para que nenhum aluno seja excluído. É uma forma de fortalecer a sua estabilidade emocional e a sua segurança. Até ao 5º ano não há classificações numéricas. Não se procura fomentar a competência ou comparação entre os alunos.

A educação gratuita desde do pré-escolar até à Universidade inclui as aulas, o refeitório, os livros e até o material escolar, ainda que em caso de perda deste último, o estudante seja obrigado a pagar. A jornada escolar começa a partir das 8:30-9:00 da manhã e dura até às 15:00 da tarde, com a pausa para o almoço entre as 12:12-30. No total, são 608 horas lectivas na primária, frente às 875 horas de Espanha, com trabalhos de casa que não são excessivos. Como conseguem melhores resultados em menos tempo?

«O êxito finlandês deve-se às três estruturas que se encaixam entre si: a família, a escola e os recursos socio-culturais (bibliotecas, ludotecas, cinemas...), explica Melgarejo. As três engrenagens estão ligadas e funcionam de forma coordenada. «Os pais têm a convicção de que são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos, estando assim, à frente da escola» e complementam o esforço que se faz nessas instituições de ensino.

«Na Finlândia 80% das famílias vão à biblioteca ao fim de semana», acrescenta o psicólogo escolar catalão, para quem este estímulo à leitura em casa é fundamental. O sistema social finlandês contribui com numerosas ajudas oficiais para as famílias, que podem conciliar o seu trabalho e a atenção aos filhos.

Existe um herança cultural luterana baseada na responsabilidade que fomenta a disciplina e o esforço, acompanhados de uma climatologia que os empurra a fecharem-se em casa. Porém, estes factores também estão presentes em outros países vizinhos, como a Suécia ou Dinamarca que desfrutam de um nível económico mais elevado e no entanto encontram-se vários lugares abaixo da Finlândia no relatório da PISA. « As variáveis socioeconómicas não são determinantes» , sublinha Melgarejo. 

Professores, os melhores

A diferença radica na elevada qualificação académica do professorado na Finlândia, principalmente na educação primária. «Os finlandeses consideram que o tesouro da nação são as suas crianças e por isso, deixam-nos nas mãos dos melhores profissionais do país», destaca o ex-director do colégio Claret de Barcelona.
Os melhores docentes estão nos primeiros anos de ensino, onde se aprendem os fundamentos de todas as aprendizagens posteriores. Considera-se que até aos 7 anos o aluno encontra-se na fase mais manejável e é quando realiza algumas das conexões mentais fundamentais que o estruturarão para o resto da vida.Por isso, considera-se essencial seleccionar quem os ajude neste processo.
Para ser professor é necessária uma classificação acima de 9 sobre 10 na sua média e além disso, é essencial uma grande dose de sensibilidade social (valoriza-se a participação em actividades sociais, voluntariado...). Cada universidade escolhe depois os seus aspirantes a professores com uma entrevista para avaliar a sua capacidade comunicativa e de empatia, um resumo da leitura de um livro, uma explicação de um tema diante de uma turma, uma demonstração de aptidões artísticas, uma prova de matemática e outra de aptidões tecnológicas. «São as provas mais duras de todo o país», assegura Melgarejo. Ao processo de selecção segue-se uma licenciatura exigente e períodos de estágio.
Não é de estranhar que os professores sejam muito bem considerados socialmente na Finlândia. «É uma honra nacional ser um professor da Primária», assegura no passado 25 de Setembro em Madrid Jari Lavonen, director do Departamento de Formação do Professorado da Universidade de Helsinki.
Harri Skog, secretário de Estado da Educação da Finlândia desde 2006, resumia em uma frase a importância deste processo: «A educação é a chave para o desenvolvimento de um país». Por isso o país nórdico dedica entre 11 e 12% do orçamento do estado e das câmaras municipais para financiar este modelo de educação. «É uma política inteligente que lhes está a dar frutos», considera Melgarejo, sem as pressões da Coreia ou Japão, outros dos países destacadas na PISA".
Traduzido de: Abc.es

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