terça-feira, 16 de outubro de 2012

Muito mais do que crise financeira!



Cada vez que leio as notícias nos jornais ou as vejo expostas nos noticiários televisivos percebo que a crise vai muito além do termo "financeiro". É uma crise a todos os níveis, desde dos aspectos financeiros até a uma crise excruciante de valores onde todos somos apenas números. E assim, mergulhamos numa sociedade cada vez mais apodrecida que despreza os próprios cidadãos.

Lamento o uso de palavras tão duras, mas hoje é assim que me sinto. Revoltada. Magoada. Com pouca ou nenhuma esperança de dias melhores.

Não quero viver num país onde é negada a refeição a uma criança, apenas porque os pais não pagaram uma mensalidade de 30 euros e portanto, uma menina de pré-primária vê recusada a sua refeição e senta-se ao lado dos outros colegas que almoçam à sua frente. Alguém pode questionar: E ninguém teve a coragem de tentar mudar essa situação? Sim, alguém teve, respondo eu. Porém, a funcionária que tentou pagar a refeição à criança foi impedida. Porquê? Não sei bem porquê e nem consigo conceber uma explicação onde tornaria tal raciocínio viável. Podem ler a notícia se clicarem aqui.

Temo de tal forma os dias que se avizinham que nem encontro palavras suficientes para descrever o que senti ontem enquanto ouvia o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar falar sobre o Orçamento de Estado de 2003. A forma doentia como cospe a palavra equidade quando na verdade, será apenas o mexilhão aquele que mais uma vez vai receber uma facada. Serão pessoas trabalhadoras como a minha mãe que terão que optar entre pagar algumas contas ou comer durante o mês.

Estamos a meio do mês e os armários em minha casa estão bem mais vazios que há uns tempos atrás. Graças a Deus, não nos falta o que comer, mas falta a trabalhadores como a minha mãe dignidade de alguém que dá tanto de si durante um mês inteiro para receber um salário que não dura mais do que uma semana. O que é ela ou tantos outros para este Governo? Números, apenas mais um número que se situa no limiar da pobreza e que trabalha para sustentar os luxos de Estado podre e somente interessado em agradar determinadas pessoas. As elites!

Os trabalhadores honestos... esses que se lixem! Que trabalhem, que chorem por não ter dinheiro para pôr comida na mesa, que sofram por não ter dinheiro para ir a um médico...

Não, isto não é um drama. É a realidade.
Queria eu que fosse um pesadelo e que me tocassem agora no ombro e eu acordasse e dissesse " Já passou".

Queria eu que fosse um pesadelo... queriam muitas pessoas que assim fossem...

Mas eu afirmo, o povo está cansado e a cada dia que passa deixo de ver a passividade de muitos.

Não ignorem os gritos e as lágrimas do povo já que tal se pode transformar em desgraça e caos.

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